domingo, 2 de junho de 2019








Na...morada  & Namora...da



                    Caty





Morar na morada do outro.

Enquanto namorada tu  vibras, tu pulsas e tu te entregas.

E as vezes estraga a morada que não é tua, é a morada do outro.

Tu és apenas a namorada na morada alheia. Daí tu te dás conta que errou de morada.

Tu recomeças a namorar e pensas: ”agora acertei, vou ser feliz nesta nova morada”.

E o que tu trazes da antiga morada? O que trouxestes de lá definirá como será a atual morada.

Como o outro também trará bagagens de outras moradas o conflito se dará.

Namorar é construir novas moradas se nas novas moradas cada um vier nu, inteiro e sem resquícios de outras moradas, assim sendo esta nova morada será possivelmente uma morada para ficar.


segunda-feira, 20 de maio de 2019









A mulher Azaléia

                                 Caty



         Tomava duas conduções para chegar ao trabalho no horário. Batia o cartão de ponto e pronto.

         Começava a mesma e rotineira função de trabalhadora incansável em busca do sustento. Era feliz? Era. Apesar de tudo sempre sorria e dizia: “Vou bem, graças a Deus!”

          Tinha a dignidade própria das flores cumpridoras de seus deveres. Não era reverenciada, não era bem paga, não era bem amada. Mas não reclamava, tinha os pés no chão, a mente tranquila e Deus sempre no coração.

          Distribuía afetos, sorrisos e compreensão. Não era regada com zelo, só quando chovia, mesmo assim mantinha o viço, o frescor e o brilho. E por onde passava todos percebiam a sua luz e se sentiam diferentes, alegres, esfuziantes.

          Era um encanto de flor. Terna, amável. Uma flor que transformava dor em alegria, espinho em perfume, descaso em contingência e motivo de amadurecimento. Era um exemplo como tantas outras que esbarramos pelos jardins da vida e que nem sempre sabemos valorizar.

          Como definir Azaléia? Uma flor que crescera no bem, para a alegria do grande jardineiro.

terça-feira, 14 de maio de 2019







           A dança





                                Caty



          O que é dançar? A palavra dança vem do Sânscrito TAN que significa tensão.         Seria então liberar as tensões, eliminá-las através de movimentos rítmicos, cadenciados.

         O mundo moderno é estressante, porque não há tempo para as boas coisas da vida. Quais são as boas coisas da vida? Inúmeras e dançar é uma delas. 

         A preocupação maior de todas nós é a sobrevivência, a educação dos filhos, o futuro deles... E daí? E nossa saúde física e mental?

         Por que não dançamos e eliminamos as tensões, banimos as preocupações diárias ao som de uma bela música?

         A vida é uma dança. Tudo no universo se move numa cadência magnifica ao som da música produzida pela natureza.

         Confúcio disse: ”Me mostrem como dança um povo e eu lhes direi se sua civilização está doente ou tem boa saúde?”

          A dança nem sempre deve ser considerada como espetáculo, mas como comunhão, participação e sobretudo celebração.

         Ouso recolocar a pergunta de R. Garaudy: “Que aconteceria se, em vez de apenas construirmos nossa vida, tivéssemos a loucura de dançá-la?”


Rosa 

               Caty

        Com nome de rainha, não nasceu em berço esplêndido. Berço esplêndido só no hino do seu país.
País este que não respeita essa mulher com nome de rainha. Como não respeita a maioria das flores. Levanta cedo. prepara a marmita do marido, só a dele, pois se fizer a sua, nada sobra para seus meninos.
         Rosa, ao invés de ferir os passantes com seus espinhos, é ela quem vive ferida pelas agressões da vida. Ferida por receber um salário indigno, por uma condição social igualmente indigna. Mas a Rosa parece mesmo uma rainha, sempre sorrindo, até mesmo quando tem vertigem por causa da fome que sente. O que torna a volta para casa, no final do dia, um pesadelo.
          É  o cansaço pelo trabalho mal remunerado, é o cansaço pelo corpo mal nutrido, é o cansaço de uma vida difícil.
          Os pés ardem pela longa caminhada imposta pela falta de dinheiro, o corpo dói pelo trabalho insano de faxineira, sem direitos. Como toda flor nascida naquele jardim e que executa tarefas ingratas, ela tem deveres, os direitos ficam apenas no papel, que ninguém lê, nem obedece.
           E, apesar disso, Rosa sorri.
           É uma Rosa diferente, negra, trabalhadora e faminta.
         À sua maneira ela enfeita a vida e seus espinhos não ferem ninguém, pois estão encravados em sua própria pele.

terça-feira, 9 de abril de 2019


O que mais temos medo quando somos jovens?


Quando jovens somos corajosos, destemidos, arrogantes e auto suficientes até o primeiro encontro. Basta nos apaixonar por alguém para sentirmos medo. Medo da não aceitação, medo da rejeição. Medo de não sermos belos o suficiente para agradar ao outro.

E começam nossos conflitos internos, nossas inseguranças, baixamos a bola e voltamos à infância, tempo do medo da escola, dos novos amiguinhos, dos meninos ou meninas maiores que nos amedrontavam pelos corredores da escola.

Toda nossa arrogância e sapiência se desfaz num pequeno sopro. Ele ou ela, nosso objeto de desejo, cresce aos nossos olhos como se não fossem simples mortais como nós. Como se não carregassem dentro de si mesmos, as mesmas inseguranças e incertezas.

E a vida nos impulsiona pra frente sempre e com ela vamos vivendo nas incertezas diárias. Somos de fato amados ou somos objetos úteis? Isto só saberemos na velhice quando não mais teremos a utilidade da juventude. Se todos ou especialmente alguns permanecerem conosco apesar da inutilidade saberemos que fomos sim amados. Mas, se ficarmos sós, entregues a nós mesmos teremos a certeza da utilidade que fomos e da ausência total do amor. Caros não fomos amados fomos usados e desrespeitados. Não fomos admirados por conseguinte  não fomos respeitados. Se não fomos admirados e respeitados certamente nunca fomos amados. Esse é o que mais temos medo quando somos jovens. De não passar pelo sofisticado sentimento de experiência humana, o amor.

sexta-feira, 29 de maio de 2015


Como vencer a pobreza e a 

desigualdade? 

                                     Caty 

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Notícias - Crônicas
"Quem ganha e mata a fome não come o pão de ninguém,
mas quem ganha mais do que come sempre come o pão de alguém.
"




Desde os tempos das cavernas que o homem sai em busca de conhecimentos, desbravou florestas, “descobriu” novas terras, “conquistou” novos espaços, se encheu de glórias, fez guerras, fez filhos, matou índios, matou judeu, aprisionou e explorou os negros, fundou cidades, queimou florestas, roubou os irmãos, violentou mulheres, matou em nome da honra, em nome da pátria, em nome de Deus, se omitiu, explorou...

Bom, nova era! O homem mudou se humanizou.
Doce ilusão! O homem descobriu um novo modo de exterminar o irmão, foi fazer política e praticar a corrupção. E a cada eleição nós acreditamos nas mudanças, nas promessas de uma vida melhor para todos.

Vivemos num mundo globalizado com acesso a todo tipo de informação, mas estamos engatinhando ainda quando se trata de vencer a pobreza e a desigualdade. Parece haver um nó histórico difícil de desatar.  Se todos os que têm além do necessário dividissem com aqueles que nada têm, não faltaria para ninguém. E não deixaríamos as decisões de uma melhora de vida para a classe política que, infelizmente, nada faz. Incompetentes quando se trata de bem comum e águias quando se trata de si mesmo.

O que vemos hoje em termos políticos nada mais é do que incentivar a classe menos favorecida a viver de migalhas e a se conformar com o paternalismo, que não muda nada. Não dignifica o ser humano. Angaria votos, incentiva a vadiagem e o conformismo.

Soluções? Existem. Uma melhor distribuição de renda, menos roubo aos cofres públicos, uma política honesta, ética, espírito humanitário e uma grande dose de boa vontade. Todos nós sabemos da existência do milagre, mas o tempo é muito curto para esperarmos por ele. É preciso agir e reagir. A vida está nos chamando à responsabilidade, nos mostrando o tempo todo o estado lastimável de milhares de pessoas em todo o mundo.

Os países, antes ricos, gastavam fortunas em projetos anti-humanitários, armamentos e guerras inúteis. Hoje estão pagando o preço da irresponsabilidade.  As armas sempre foram mais importantes que o pão.

Para que pensar em pobreza e desigualdade?
Que morram os pobres e miseráveis, aliás, morrem mesmo de inanição, de bala perdida, de invasão, de fome e de guerras inúteis.

Caty 

domingo, 15 de setembro de 2013



Fragilidade, teu nome é mulher!

                                                Caty 


As mulheres nascidas há algumas décadas atrás, foram educadas para casar. Isso implicava em cuidar da casa, da educação dos filhos e cuidar evidentemente do marido.

Ele, como senhor absoluto, afinal era o provedor, exigia da mulher sexo como ele bem quisesse e quando quisesse. Ela pagava o preço por ter uma casa e ser sustentada. E ainda suportava a ideia de seu marido manter uma amante.

Existia a justificativa dele chegar em casa e não a encontrar bonita e perfumada. Impossível manter o status da cobra quando se é Eva, cuidando incessantemente de rebentos hiperativos, fraldas não descartáveis para lavar, mamadeiras, refeições, limpeza da casa, etc etc.

Mas a Eva está feliz? Óbvio que não, há um vazio existencial que nada preenche. Quase nunca o sexo é satisfatório, mulher quer romance com sexo bom. As mulheres que diziam que, mesmo o sexo sendo ruim era bom, não sabiam o que estavam dizendo. Sexo ruim é insuportável. E elas descobriram isso mais tarde ao encontrar outro Adão, mais disponível, mais romântico, mais afetuoso, menos cobrador. Sem o vínculo do casamento havia leveza, disponibilidade, afeto e Eva se torna a Cobra. Agora sim vai ser feliz.

Por esta razão a mulher se libertou de todas essas amarras, saiu para trabalhar, fazer sexo com quem bem entender, gerir sua própria vida. Enfim buscar uma vida igualitária. Caiu num mundo competitivo e cruel. Caiu no exagero quando quis se igualar ao homem saindo à caça.


Muitas conquistas, muito sexo bom, muita diversidade. Et, voilà! O vazio existencial está lá. E parece que nada preenche.